Avaliação da Biologia e Geoquímica de Exsudações de Óleo e Gás na Costa Sudeste do Brasil

(em inglês: Biology and Geochemistry of Oil and Gas Seepages, SW Atlantic - BIOIL)

 

    A margem continental brasileira é pontuada por uma série de feições geomorfológicas que evidenciam a presença de óleo e gás, que podem ser naturalmente liberados para a coluna d’água, permitindo a formação de ecossistemas movidos pela energia obtida a partir destes compostos. Tais ecossistemas são denominados exsudações frias (ou cold seeps, em inglês) (Figura 1). Parte dos organismos que ali vivem são capazes de fixar carbono a partir de processos químicos, utilizando hidrocarbonetos e sulfetos como fonte de energia, de forma independente da luz solar, um processo conhecido como quimiossíntese.

Bioil   figura1
Figura 1. Diagrama de uma comunidade típica de exsudações frias. A comunidade é totalmente dependente
da água rica em hidrocarbonetos e sulfetos que flui da exsudações fria. Fonte: LAMP.

 

    As exsudações frias são palcos para novidades evolutivas, pois muitas espécies ficaram dependentes desse sistema, tornando-se altamente especializadas tanto no consumo de carpetes microbianos como na simbiose com produtores primários quimiossintetizantes. A semelhança da biota com aquelas de habitats cognatos, como fontes hidrotermais e ilhas orgânicas, sugere que esses ambientes poderiam compartilhar suas histórias evolutivas (Figura 2).

Bioil   figura2
Figura 1. Comunidades típicas de exsudações frias. A) carpete microbiano que sustenta uma gama de invertebrados marinhos pastadores;
B) centenas de caranguejos-yeti sobre bancos de mexilhões; C) visão geral de bancos de mexilhões e tubos de poliquetas siboglinídeos;
D) poliquetas siboglinídeos tubícolas típicos de exsudações, gênero Lamellibrachia. Fonte: Marum, University of Bremen
Mar da Arábia, 1.470 metros de profundidade.

 

 

    Este é um projeto multidisciplinar e inovador, desenvolvido pelo LAMP em parceria com a Shell Petróleo Brasil LTDA, e com outros laboratórios do IOUSP (LAMA, LECOM, LABQOM e LARADOB). Através da combinação de diferentes técnicas, incluindo mapeamento geomorfológico, análise cromatográfica e ferramentas morfológicas e moleculares de última geração, pretende-se descobrir e detalhar ecossistemas de exsudações na margem continental sudeste brasileira. A avaliação da diversidade de espécies e a estrutura das comunidades quimossintetizantes do Atlântico Sul serão essenciais para entender como se relacionam com outras exsudações no mundo, sob uma perspectiva ecológica e evolutiva.

 

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